Opinião

O que podemos esperar do trabalho em 2021?

Alexandre Pellaes

O ano de 2021 será de oportunidade. De criação. De inovação no relacionamento. As pessoas e empresas que tiverem essa consciência vão experimentar prosperidade financeira e também um senso de realização por impactarem positivamente as pessoas.

Será também um ano de tentativas e de construções. Algumas pessoas e organizações terão a tendência de voltar ao que eram e faziam antes da pandemia. Isso seria um desperdício de aprendizado, porque a intensidade das mudanças e as situações as quais fomos obrigados a enfrentar têm um potencial muito grande de nos ensinar.

Mas esse é um processo que demanda observação e olhar crítico. Exige maturidade e consciência de que podemos aprender a partir de todas as experiências. A pandemia nos ajudou a ter mais consciência e espero de verdade que a gente não desperdice essa oportunidade de desenvolvimento.

Em 2021, não podemos cair na tentação de fazer “mais do mesmo” ou de “retornar às origens”. Antes de colocar um comportamento em prática ou de estabelecer uma maneira de atuação para um grupo, pergunte-se: “por que estou fazendo isso dessa maneira?” – a resposta deve fugir do “foi sempre assim” ou “foi a maneira que aprendi”. O novo ano nos convida à criatividade com significado.

No fim das contas, a pandemia foi uma grande lente de aumento sobre mudanças que já estavam em andamento no mundo do trabalho

Será o “pós-normal”, um momento em que vamos experimentar novas formas de nos relacionar com o trabalho, com a saúde, com as pessoas, com a sociedade, com a natureza etc.

No fim das contas, a pandemia foi uma grande lente de aumento sobre mudanças que já estavam em andamento no mundo do trabalho. Algumas ideias a gente namorava e outras colocava embaixo do tapete.

De fato, se olharmos esses meses de pandemia, tivemos que revisitar alguns conceitos do mundo do trabalho e a nossa relação com o trabalho. Cada um de nós tentando enxergar a importância do trabalho em nossas vidas e analisar a relação com as organizações, ou seja, nossos empregos.

Do ponto de vista da nossa relação com o trabalho, a gente descobriu que trabalho é muito mais que a nossa profissão, muito mais do que a gente faz em troca de remuneração. Tivemos que ajustar um pouco a nossa cabeça, porque achávamos que só tínhamos valor pelo trabalho profissional, pelo currículo, pelo status. A pandemia deu esse chacoalhão e agora já estamos em alerta, pensando qual é afinal a nossa relação com o trabalho.

Outro ponto é que começamos a questionar a estrutura das organizações. Faz sentido ter grandes prédios, com todo aquele glamour? Começamos a enxergar que essa pompa, símbolos organizacionais, talvez sejam desnecessários, inclusive a hierarquia rígida, as reuniões impostas, as relações de reconhecimento com data marcada, tudo isso foi quebrado. Hoje, reavaliamos qual o novo modelo de trabalho que podemos ter. Existe uma outra forma de desenhar a evolução do futuro do trabalho. Vamos ter que estar ativamente nesta construção, independente de cargo.

Alexandre Pellaes

Alexandre Pellaes, pesquisador especialista em Novos Modelos de Gestão e Futuro do Trabalho.

Revista Liderança Empresarial - Edição 1 - Dezembro de 2020

Imagem de StockSnap por Pixabay